Como prometido na postagem anterior, hoje escrevo sobre "Espíritos Sofredores"
Durante nossas encarnações, moldamos aos poucos nosso carácter, revendo conceitos, atitudes e opiniões assim como também, sofrendo as consequências de nossos atos. Nosso objetivo inicial provém da espiritualidade donde carregamos a necessidade de evoluir dentro desta etapa energética em que nos encontramos, a fim de nos desprendermos da matéria e de bens materiais. Muitos espíritos porém, não chegam à compreensão da necessidade dessa evolução e permanecem presos na ignorância e vícios morais aos quais estão acostumados. Chegará, entretanto, um período em que encontrarão tais necessidades evolutivas. Enquanto isso permanecerão presos na matéria, nos vícios, nos seus defeitos morais e particulares, gozando das consequências de seus atos. Os espíritos sofredores, podem estar tanto no plano espiritual, assim como entre nós, nos observando, observando nossas falhas e nossas tristezas, nos impregnando com suas dores e sofrimentos (nesse caso, pessoas mais sensíveis a esses estados espirituais tendem a sentir tristezas que não são suas, dores que não condizem com doenças patológicas, angústias, apertos no peito, desespero, medos, etc)... Alguns desses espíritos agem de tal forma intencionalmente, outros porém não tem a compreensão do que lhes cerca. Muitos sofrem por não saberem como seguir em frente, ou como pedir ajuda... outros não sabem como elevar e nutrir sua fé a fim de aproximar mentores de luz para seu recolhimento na espiritualidade... Há aqueles também, que sofrem por vagar sem rumo e por serem vítimas de entidades trevosas, que carregam em seu ser a raiva, o ódio, o rancor, a tristeza, egoísmos. São esses os espíritos endurecidos, que já acostumados com a maldade e com seu estado evolutivo estagnado nas sombras, se compraz em perturbar aos irmãos espirituais mais fracos, desentendidos de sua condição, ou desorientados no plano em que estão. Muitos percebendo no médium um instrumento de auxílio para sua caminhada, tendem a aproximar-se desse a fim de conseguirem ajuda, um encaminhamento para um lugar iluminado e pleno de amor e orientações. Tantos outros vagam perdidos em busca de auxílio e não tem a percepção daqueles que podem lhes servir de apoio para uma caminhada mais iluminada. Demoram para encontrar ajuda, e por isso tendem a se juntar com outros semelhantes às suas condições, assim como também atrair tantos outros irmãos para o mesmo "pedestal" evolutivo em que se encontram. Alguns espíritos solitários sofrem por estar nessa condição de solidão. Esses, tendem a permanecer por longos períodos nesse sofrimento, justamente por serem receosos à aproximações daqueles que desconhecem, assim como também por não confiarem na ajuda dos irmãos de luz que vão constantemente em seu socorro.
E como auxiliar esses espíritos necessitados?
Todos aqueles que necessitam de ajuda a encontrarão em determinada etapa de sua existência e dentro de suas necessidades primordiais. Por exemplo, aqueles que se comprazem em fazer o mal, e buscam outras entidades para perturbar e prender junto a si, carregam nisso uma necessidade primordial, a ajuda (para muitos) é considerada por eles desnecessária ou secundárias. De tempos em tempos, irmãos iluminados vão de encontro a essas entidades que sofrem, levando consolo, orientação, palavras amigas e uma tentativa de conduzir essas entidades para uma colônia de recolhimento, ou de tratamento moral/espiritual, ou hospital espiritual (dependendo da enfermidade na qual o espírito se encontra)... O fato é que em hipótese alguma entidades que vagam perdidas nas sombras, deixam de ser atendidas. Muitas simplesmente negam a ajuda, o auxílio que estão recebendo... Outras riem dos nossos amigos e de sua infinita bondade por não crerem que possam existir seres bons e puros lutando por sua salvação. E por este motivo acabam afastando de perto de si esses irmãos de luz, permanecendo nas sombras e padecendo com seus sofrimentos. Mas há de chegar o momento em que esses irmãos carentes de fé irão sentir necessidade da ajuda que irá aliviar o peso do sofrimento que carregam e é nesse momento que cuidará ao seu redor, clamará por auxílio, pela ajuda aos que, percebe, podem ajudá-los e de alguma maneira irão encontrar o que precisam, o remédio para sua alma. E nesse momento, de bom grado irão receber nossos mentores e suas orientações, assim como todos aqueles que trabalham na seara iluminada do Senhor Maior... Serão então encaminhados pela luz para a caridade, repleta de bons ensinamentos e orientações para essa nova jornada espiritual. Aos que continuam no caminho do sofrimento, cegos á luz que lhes abre portas para o seu melhoramento íntimo, procuremos ajudar elevando pensamentos positivos, acalentados de carinho e compreensão por suas falhas, pois tão iguais a nós, são seres imperfeitos necessitados de uma dose de fé e bons sentimentos... Façamos preces com pensamentos elevados ao nosso Pai Superior e peçamos por esses irmãos que não encontraram ainda a iluminação Divina.
Uma irmã necessitada
Eu visitava o Vale das Sombras quando percebi um choro constante, distante, mas não tão longe que não pudesse alcançá-lo. E segui indo, buscando nos irmãos que me acompanhavam as energias de que precisávamos para sanar tal pranto. Sentada aos pés de uma árvore morta e sem folhas, encontramos a jovem que chorava. Perguntei o porquê de tanta tristeza, ao passo que ela me respondeu estar perdida, queria o abraço e calor do colo da mãe, ainda encarnada. Tentara voltar mas não conseguira, também não sabia como chegara ali naquele campo deserto e sombrio e nem precisar quanto tempo estaria ali. Disse a ela que não se preocupasse que logo a levaríamos para ver a mãe, menina essa de uns 20 anos, cuja resistência em nos acompanhar atrapalhávamos um tanto, mas não o suficiente para que desistíssemos dela. Ela perguntou-me o que estava eu fazendo ali. Disse que ando sempre por esses lados e já muitos amigos encontrei aqui, amigos que ainda permaneciam ali, outros que seguiram com ele para uma morada mais iluminada.
A jovem olhava-me atenta e como em curiosidade pelo que eu contava parou aos poucos de chorar e concentrou-se na história. Disse-me que desde que chagara ali, não viu uma "viva alma"... Eu ri, ela não entendeu o porquê, e disse-me sentir uns arrepios gélidos envolvendo-a vez por outra, mas como se prendessem-na naquela árvore, ela não conseguia dali sair. O medo de perder-se ainda mais era intenso e como que em um choque se desprendia de algo que não sabia descrever. Expliquei ser a sensação do desprendimento corpóreo, que a condição dela era agora a mesma de um irmão desencarnado. Ela chorou perguntando o que fizera para estar em lugar tão obscuro, presa em uma árvore ressecada e sem vida, com calafrios e sensações desagradáveis que a atormentavam constantemente... Disse a ela que olhasse bem para aquela árvore, que olhasse bem em sua volta. Ela olhou, observou, pensou e disse-me que lembrava daquele lugar. Sim, era o lugar onde ela costumava descansar todos os finais de tarde, só, porquê não gostara de companhias. Logo irritava-se com que a estivesse acompanhando e preferia o silêncio, a solidão. Ali, nos pés daquela árvore chorava suas tristezas, fazia suas lamentações e quando descobrira as dores físicas, as limitações psicológicas e o esgotamento do seu corpo material dando sinais já de falhas e de seus últimos tempos de vida terrena, chorou, ficou braba, odiou a Deus. Mas ela não estava ali por ter odiado a Deus, mas sim por acreditar que ele a tinha abandonado, que mais uma vez ficaria sozinha. Passara em sua cabeça como seria sua morte, sentia pena de si mesma, sentia raiva de seus pais por não a terem feito saudável, e foi ali, nos pés daquela árvore que descontou todos os seus sentimentos, e daquele lugar ela já fazia parte... Ali era seu mundo. O mundo de seus pensamentos, o lugar dos seus sentimentos. Convidei-a a vir comigo, ela tentou por um instante, mas logo pedindo-me desculpas disse que não conseguiria seguir, algo realmente a prendia ali.
Voltamos para nossa colônia, eu e os irmãos que comigo estavam, além de outros necessitados que aceitaram nossa companhia. Realizamos nossas tarefas e algumas semanas se passaram. Foi-me designado retornar ao Vale e visitar minha amiga perdida.
Ela olhou-me chegando, estava fraca, olhava-me ainda com curiosidade... Perguntei como estava, ela disse que a doença continuava piorando, que achava que ia morrer de novo. Mais uma vez eu ri, disse que talvez ela simplesmente precisasse de ajuda, porque a morte física já estava consumada. Ela perguntou-me porque sentia fome e sede se já não era mais humana. Porque parecia estar viva se já estava morta. Respondi que as sensações do corpo ainda eram sentidas até que ela aprendesse a desapegar-se das amarras materiais que a prendiam à Terra. Logo, com tratamentos com base em fluídos e energizações, não mais sentiria necessidades fisiológicas. Bastava que ela aceitasse a ajuda, mais uma vez ela tentou vir em minha direção e acompanhar-me embora muito debilitada. Mas sentia-se mal, irritada muito tempo com minha presença e mandava-me embora... Três mais visitações foram suficientes para que ela decidisse seguir comigo para o tratamento espiritual de que estava precisando. Nós fomos em grupo buscá-la, deixamos que o corpo dela entrasse em uma espécie de torpor, levamo-na para um hospital de reabilitação onde fizemos várias sessões de energização, fluidificação e cicatrização das feridas espirituais que consumiam seu espírito de forma assustadora. Em poucas semanas, ela estava já disposta, ainda não em um convívio muito social, não gostava de sair do quarto, implicava com as enfermeiras, mas aceitava minhas orientações de estudo, embora me olhasse com um olhar condenador quando eu sugeria algum trabalho em grupo ou alguma atividade mais sociável dentre outros irmãos também em recuperação. Suas feridas estavam ainda sendo tratadas, tamanha profundidade se fizeram... Quanto mais impregnado o espírito de doenças, mais demorada é a recuperação do mesmo. Ainda hoje a jovem está sendo assistida e tratada. Realiza um trabalho que ocupa uma hora de seu tempo em uma atividade coletiva na recepção de alguns pacientes. Está aos poucos se adaptando e aceitando sua condição. Mostra-se bem disposta a cooperar em sua evolução. Temos combinado que daqui alguns dias o horário de trabalho em grupo será aumentado, o que por ora a deixa inquieta, mas está amadurecendo a idéia de ser gentil e aceitar os irmãos como sendo iguais a ela, com limitações e dificuldades. Está ansiosa por rever a mãe, mas infelizmente por hora não será possível e já a informei disso. A visitação nesse momento poderia dificultar sua recuperação pois relembraria traumas, discussões e tristezas que antes eram parte da jovem e que hoje, estão sendo sanadas aos poucos, mas que podem reviver a qualquer momento. Nosso trabalho na espiritualidade, é realizado com muita cautela afim de que as provações sejam observadas e reparadas e não uma forma de perturbar e machucar o espírito que está aprendendo. Que ainda consigamos ajudar a muitos, e que Deus em sua sabedoria Suprema esteja em todos os lugares inclusive dentro de todos!
(Pai João da Caridade)
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